segunda-feira, 8 de junho de 2009

Correio Braziliense - "Sexo na Fercal por 15"

Por Camila Peres

O Correio Braziliense divulgou no dia 31 de março uma matéria “investigativa” sobre prostituição infantil de crianças e adolescentes entre 12 e 15 anos na Fercal, uma comunidade próxima a cidade de Sobradinho que foi formada em razão da fábrica de cimento naquele local.
Título da matéria - Sexo com meninas por R$ 15 na Fercal.

Além do título, as duas fotos presentes na matéria também chamavam a atenção.

A internet é um mundo aberto, onde indivíduos de culturas e idades diferentes acessam as mais variadas páginas. Em um site de webjornalismo espera-se encontrar conteúdos legítimos que tenham seriedade e que atentem a sociedade.


O problema encontrado é que a denúncia, se nos fixarmos apenas no título, possui um tom de comércio, onde o sexo tem valor mercadológico, custa R$15,00!
O título é apelativo, para crianças, adolescentes e pedófilos, por exemplo, pode causar um efeito contrário a proposta do jornalismo. Ao invés de alertar, talvez seja uma ferramenta para a continuidade da prostituição infantil.

As menores socialmente carentes que lerem a notícia, podem querer praticar a exploração do corpo em troca de dinheiro e de drogas.


Os menores também podem se interessar. A prostituição infantil é colocada como uma prática barata, R$15 seria o suficiente. Sem falar nos pedófilos que por meio da notícia ficam a par das condições para abusar das meninas.

As fotos, apesar de não mostrarem os rostos (o que é ético), mostram pessoas ao redor da natureza, tranqüilas, bebendo e se divertindo. Não trazem o verdadeiro “tom” da exploração sexual, os malefícios desta prática. Ao invés de mostrar tal diversão, por que não trazer imagens do sofrimento dos familiares, das condições da comunidade? As sugestões de imagens certamente dariam mais seriedade à matéria.

O texto é “redondo”, de leitura agradável, mas falta serviço, falta um jornalismo público que se preocupe com a questão social daquela comunidade, dos envolvidos com a prostituição infantil e com o uso de drogas comum entre as meninas da Fercal. A jornalista narra os fatos, descreve a postura das meninas na escola, os cabelos molhados, as roupas, o tipo de música que toca no bar. Não que essas informações não tenham valor, porém existem outras que poderiam ter entrado na matéria como: demonstrar a rotina das jovens, o que os pais fazem, as condições sociais, que tipo de atividades a escola poderia oferecer para envolver e alertar as meninas, as punições que os homens que exploram sexualmente as meninas estão sujeitos, como denunciar esse tipo de atitude, opiniões de psicólogo e assistente social, por exemplo.

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