terça-feira, 9 de junho de 2009

A adaptação ao novo meio dos jornalistas reflete na ética web


Por Ane Gottlieb

A expansão da Cibecultura ajuda a aflorar as discussões sobre a profissão do jornalista e sua adaptação nesse novo meio de comunicação. Apesar de existirem inúmeras páginas jornalísticas no ambiente virtual vemos que, ainda, não há prioridade para a ética.
A ferramenta Blog, hoje, é a mais utilizada pelas pessoas que querem informar algo para qualquer espectador e em qualquer parte do mundo. Jornalistas famosos, como Ricardo Noblat, criaram blogs para difundir, mais livremente, as informações que desejassem sem se preocupar com uma linha editorial que não seja a deles.
De acordo Carlos Castilho, do Observatório da Imprensa, durante o XI Intercom Centro-Oeste, cerca de 120 milhões de Blogs surgem por segundo. Esse dado mostra que, aqueles que antes eram apenas receptores das informações, lançadas pelas mídias tradicionais, agora têm a possibilidade de serem, produtores de conteúdo. Também nesse congresso, Castilho disse que 47 gigabytes correspondem a 9 metros de uma pilha de livros. Em 2008 o acervo digital do mundo tinha o tamanho de 281 bilhões de gigabytes, aumentando 60% por ano.
Vemos a necessidade imediata de profissionais de comunicação se adaptarem ao novo meio digital. Independentemente se desejam criar blogs, sites, podcast ou vídeos. Essa nova mídia precisa de um profissional que saberá usar todas as ferramentas ao seu favor, tendo prioridade à ética.
A difusão de informações usando o digital exige principalmente, rapidez. Essa agilidade imposta predispõe a falta de ética, pois assim os jornalistas comentem erros com mais facilidade como, apurações mal feitas, textos com erros gramaticais e incoerência, links que não levam ao local apontado, falta de fontes e citações não indicadas.
Toda mídia comunicacional tem suas características textuais e de apresentação da informação. A adaptação do jornalista deve ser não só em relação à máquina, mas também em relação à produção e conteúdo. Em um meio que tem a capacidade de convergir todos os outros, o novo desafio para o profissional que quer se colocar nessa área é descobrir como melhor informar, priorizando o conteúdo.


Veja mais:

Imagens manipuladas

Por Nathália Coelho


O advento da tecnologia fotográfica abriu um universo de possibilidades na produção de uma imagem. Não mais dependente da revelação, número ilimitado de poses, a fotografia do século XXI é o desenho da luz codificado na linguagem binária, passível a fácil manipulação.

Os softwares editores de imagem como o Photoshop permitem de tudo, desde simples retoques estéticos e novos enquadramentos, a inserção de novos elementos na foto. E foi exatamente este último ponto que aconteceu com uma imagem veiculada na internet em julho de 2008, pela organização iraniana dos Guardiões da Revolução.

A foto enviada à imprensa mostrava o lançamento de quatro mísseis, embora isso de fato, não tenha ocorrido. De acordo com vários fotógrafos e técnicos de imagem consultados pela agência de notícias France Presse, foi descoberto que na verdade, um dos mísseis tinha sido duplicado no photoshop.

Uma vez modificada, a foto perdeu sua integridade, e mais que isso, não condizia com o acontecimento.De fato, a resolução para este tipo de situação é muito complexa, pois envolve a ética profissional jornalística. Até que ponto é aceitável a manipulação da imagem? Além de ferir o leitor e usuário do veículo, causar má interpretação e perca de credibilidade, o jornalista perde o foco do seu trabalho.

Por isso, nós leitores e produtores de conteúdo temos que ficar muito atentos com essas atitudes. Pois acima de tudo, nosso compromisso é com a verdade!



A imagem de cima é a verdadeira. Na segunda, veiculada na internet, duplicaram o primeiro míssel.

Análise da notícia


A matéria sobre o tiroteio entre policiais e traficantes do Rio de Janeiro, publicada dia 22 de maio, no site do O Globo, colabora ainda mais para amedrontar a população do que qualquer outra coisa. A notícia foi manchete da página.
O título, Tiroteio intenso entre policiais e traficantes no Pavãozinho assusta moradores em Copacabana, sugere que apenas os moradores de Copacabana estão assustados. E os moradores do morro como estão com a situação vivida?
A notícia cumpre o papel de mostrar o fato, porém será que tipo de efeitos manchetes como esta gera nos leitores. A violência estampada nos veículos de comunicação podem gerar um problema para a população do Rio e do restante do país. Parece que virou uma editoria! As pessoas se assustam, ficam trancafiadas, a síndrome do pânico está em alta com tanta violência urbana e com tamanha massificação dos fatos. O jornalismo tem parte nisso!
A ilustração poderia ser melhor, mostra um helicóptero da policia sem foco no céu daquele lugar. Mas é entendível que se tentou mostrar a ação da policia contra os traficantes, o equipamento na ajuda para conter os disparos.
O link no final da matéria é uma proposta interessante, onde o leitor pode também ser repórter, mas neste caso, só irá render a violência em si. O Globo trabalha bem o webjornalismo, traz imagem, canal de comentários, enquetes, porém é necessário mudar o tom quando se trata de violência, é necessário seriedade e fugir do sensacionalismo.
Talvez este site seja o que, no Brasil, melhor promova o webjornalismo, contudo existem ressalvas que devem ser discutidas para que se construa um jornalismo na web capaz de modificar a vida dos cidadãos brasileiros, capaz de lidar com a instantaneidade sem perder o foco em sensacionalismos, em matérias rasas!

Ele faz jornalismo na web

Por Camila Peres
“A internet é uma tentação muito forte”. Essa afirmativa é do webjornalista Ricardo Noblat. No bate papo entre Noblat e estudantes de comunicação social da Universidade Católica de Brasília, realizado dia 25 de maio, ele fez várias ressalvas sobre como escrever um bom jornalismo no ambiente virtual.Há 6 anos o jornalista possui um blog político e, desde então, seu veículo é base para pautar outros canais de comunicação. O jornalista instrui que é preciso ter muito cuidado nas matérias publicadas porque “senão você fica sujeito ao erro e derrapa em informações falsas”.ExemploO blog do Noblat foi o primeiro veículo de comunicação a publicar o caso de Paula Oliveira – a brasileira, de 26 anos, que conta ter sido agredida por um bando de skinheads, na Suíça. O fato é que ele deu o furo, os demais veículos também deram e depois surgiu a questão da não agressão. Paula poderia ter se retalhado e os veículos tiveram que voltar atrás na apuração que até hoje não foi desencadeada!
Cabe então o dito popular : TODO CUIDADO É POUCO!

A Internet e seus fenômenos

Por Higor Sousa

Você já ouviu falar em Stefhany, com o seu hit No meu Cross Fox? Ou então, Susan Boyle, uma inglesa de aparência feia, para os padrões midiáticos, arrancar suspiros com a sua doce voz, ou Vaivc, Joseph Climber? Caso não os conheça coloque o nome de alguns desses personagens no YouTube.

O YouTube é um website que permite que seus usuários carreguem e compartilhem vídeos em formato digital de maneira simples, só basta se cadastrar. Você pode colocar o que quiser na rede. No site, você encontra vídeos de todos os jeitos, aquele velho clipe que você não vê há anos, ou então, os vídeos caseiros, atualmente, os mais acessados. São pessoas comuns que colocam coisas simples do dia-a-dia, como um caso de um bebê rasgando um papel e rindo à toa virou mais um dos hits da Internet. Mas essa ferramenta tem deixado as coisas um “pouco” fora de controle. Não apenas essa, mas todos os produtos da Internet.

Infelizmente, muitas pessoas têm feito o mau uso dela, não apenas no que diz respeito aos vídeos, mas, também, em manipulação de informação, imagem, dentre outros. Reza a lenda que tudo que entra na Internet nunca mais sai. E de fato, isso é verdade. Então esse é o problema que muitos enfrentam ao ter suas vidas vasculhadas. Como exemplo, podemos citar o caso da modelo Daniela Cicarelli. Filmada em cenas apimentadas com seu então namorado numa praia na Espanha, ela viu seu vídeo virar febre na Internet. Procurou a justiça e conseguiu uma ordem para que ele fosse retirado do youtube. Dois anos depois, lá estão às imagens, caso alguém ainda se dê o trabalho de procurá-las. Não sabemos quem está certo ou errado, se é a modelo que no momento de “descontração” ou “despreocupação” vê sua intimidade numa praia (não deserta) ser divulgada para o Brasil e o mundo, ou, o paparazzo que aproveita a deixa e publica as cenas por maldade ou por dinheiro. Não se sabe ao certo.

Ainda não há na lei brasileira uma pena específica que pune os crimes reais, imagine as virtuais. De acordo com Código Penal, de 1940, no crime contra a honra diz respeito à alguém que xinga, difama ou calunia outro alguém, pessoalmente, por carta ou por meio de um veículo de comunicação. No mundo virtual é a mesma coisa – com diferença de que a repercussão é muito maior, mas para reparar os danos são mais complicados.

Pensem duas vezes antes de serem fotografados, e repensem ainda mais ao serem filmados por seus colegas, porque, hoje em dia uma coisa banal que você faça pode virar uma febre e você se torne uma celebridade instantânea na Internet. O Orkut, YouTube, Twitter, MySpace, estão ai, e estamos aguardando quais novos programas transformarão anônimos em celebridades, e celebridades com dores de cabeça.

Folha - Cotas de passagens aéreas

Por Camila Peres
A matéria divulgada no site da Folha, dia 22 de maio, possui características que valem a pena ressaltar.

É objetiva, até curta por sinal, mas tem razão ser. Como se trata de uma tema “agendado”: cotas de passagens aéreas na Câmara, é mais um capítulo do assunto. Outras matérias já publicadas no site já abordavam o tema com mais profundidade e aparecem disponibilizadas nos links.

Os comentários dos leitores mostram que o canal de relacionamento entre o veículo e seu público está aberto, os posicionamentos enriquecem, complementam a notícia. Contudo, existem, claro, os que não somam em nada. Mas, só o fato de ter essa ferramenta de interação já contribui com o webjornalismo.

A presença de dois hiperlinks ajudam na compreensão. Quem quiser se aprofundar clica e tem acesso a matérias relacionadas.
É uma pena que no lugar de uma imagem relacionada ao tema, apareça um quadro publicitário. O fato de não ter foto empobrece a notícia. Porque a imagem traz significado ao texto, complementa o que a notícia diz é um signo importantíssimo que deve ter espaço também na

Ética na prática

Por Gabriela Tavares

O compromisso social inerente da profissão de jornalistas deve estar atrelado a maneira ética de divulgação da informação em qualquer meio de comunicação, independentemente da agilidade requerida, priorizando-se a qualidade. Assim, segue um exemplo de como não escrever em jornais web. Identifique os erros no texto abaixo - clicando sobre os termos “linkados” - e confira a forma eticamente correta. Boa análise!


De São Paulo

(...) É neste último tipo de estratégia que morou o perigo no ano passado. A maioria dos long/short - e muitos fundos mutimercados macro também - usava o índice futuro para proteger a carteira. Acontece que o índice despirocou por conta da forte alta de dois papéis, Petrobras e Vale, que têm forte peso no indicador. Mas o restante das ações, especialmente as de segunda linha, ficaram para trás. Basta observar que, nos 12 meses encerrados em janeiro, o Índice Bovespa subiu 33,26% - de carona na alta de 76,86% de Petrobras e de 51,79% de Vale -, enquanto o Índice Valor de pequenas e médias empresas subiu modestos 9,89%. Criou-se, assim, o pior dos mundos para os long/short: perdas com a carteira comprada e perdas com a alta do índice futuro na vendida. (...)

Web X Crianças e adolescentes

Por Kamila Aleixo
Existem várias regras para o uso de imagens de crianças e adolescentes, menores de 18 anos, na Web. O ECA, que é o Estatuto da Criança e do Adolescente, inclui o parágrafo único no artigo 143, que diz: "É vedada a divulgação de atos judiciais, policiais e administrativos que digam respeito a crianças e adolescentes a que se atribua autoria de ato infracional". O parágrafo acrescenta: "Qualquer notícia a respeito do fato não poderá identificar a criança ou adolescente, vedando-se fotografia, referência a nome, apelido, filiação, parentesco, residência e, inclusive, iniciais do nome e sobrenome". Esse acréscimo foi efetivado pela Lei 10.764/2003.

O número de imagens de crianças e menores de 18 anos utilizados na web de forma incorreta aumentou consideravelmente. Devido ao crescimento de sites de relacionamento (orkut, myspace, etc.) espalhados com acesso livre na internet, cresce também a ação dos pedófilos, que utilizam essas imagens para propagar a pedofilia. Infelizmente não há um controle considerado eficaz para deter pedófilos que aliciam crianças por meio desses sites.

Fotos provocantes em sites de relacionamento ou uso de avatares com figuras "sexies" --como os que podem ser criados no aplicativo BuddyPoke do Orkut-- aumentam os riscos de adolescentes sofrerem violência, afirma um estudo, a ser publicado na edição de junho da revista "Pediatrics".

A pesquisa, feita pelo Cincinnati Children's Hospital Medical Center de Ohio (EUA), mostrou que, além de históricos de violência infantil, o uso de uma identidade on-line provocante também aumenta o risco de garotas se tornarem vítimas de alguém que elas conheceram por intermédio da internet.
O estudo teve como objetivo identificar os fatores de risco ligados ao aumento das taxas de pedofilia de crianças que tiveram origem na web. De acordo com os autores, muitos dos crime sexuais iniciados na internet são originados em sites de relacionamento, cujo uso exige a criação de identidades on-line.
veja a matéria completa


É necessário que as iniciativas não comecem a partir de jornalistas ou do governo, mas que todos nós cidadãos, tenhamos a convicção de que podemos fazer a diferença e evitar que nossas crianças sofram com esse tipo de constrangimento. O uso ético de imagens infantis na web é responsabilidade de todos nós cidadãos.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Podcast e a Ética

Por Nathália Coelho
O advento do webjornalismo tem mudado o cenário da comunicação. Atualmente, existem diversas maneiras de se propagar a notícia online, e uma delas é por meio de arquivos de áudio, disponíveis na rede, chamados de podcasts. O prefixo "pod" vem de Ipod, e "cast" de broadcast, do inglês, divulgação. Na verdade, "podcast" é um neologismo surgido em 2004, mas considerado como uma palavra, em 2005, pelo dicionário New Oxford American.

De maneira geral, um podcast é um meio veloz de distribuir sons pela internet. A princípio, era usado somente para músicas. No entanto, com a convergência dos meios, e o surgimento de novas possibilidades de comunicação multimídia, os podcast começaram a aparecer nos sites do governo, de jornais, de emissoras de rádio e TV com áudios de entrevistas, trechos de aulas, palestras, divulgação de eventos, campanhas, prestação de contas entre outras coisas. Podemos citar o
Correio Braziliense, Folha, Estadão, a Nova Brasil FM como veículos que utilizam desse recurso.

Contudo, é necessário tomar cuidado. Apesar de não haver uma lei concreta que rege a web, e possuirmos uma flexibilidade sem tamanho na reprodução dos arquivos de áudio (principalmente músicas), na hora de jogar um arquivo de som na rede, devemos levar em consideração, direitos autorais, veiculação de depoimentos e entrevistas sem autorização previamente concedida. Isso é uma questão ética.


Para saber mais sobre podcast, acesse a apostila: "Conquiste a rede".

"Conquiste a rede" é uma coleção que tem como objetivo explicar novos termos e funções que surgem na internet. Nesse pequeno manual, Ana Carmen Foschini e Roberto Romano Taddei comentam sobre o podcast, origens, funções, características e direitos autorais. É interessante! Vale a pena ler!!




Esse podcast foi retirado do site podcast1 e traz uma discussão em torno das atitudes éticas na nossa vida. Esse site é bem legal porque além de disponibilizar vários arquivos para download, ele ensina e permite você criar seu próprio podcast. Experimente!

Correio Braziliense - "Sexo na Fercal por 15"

Por Camila Peres

O Correio Braziliense divulgou no dia 31 de março uma matéria “investigativa” sobre prostituição infantil de crianças e adolescentes entre 12 e 15 anos na Fercal, uma comunidade próxima a cidade de Sobradinho que foi formada em razão da fábrica de cimento naquele local.
Título da matéria - Sexo com meninas por R$ 15 na Fercal.

Além do título, as duas fotos presentes na matéria também chamavam a atenção.

A internet é um mundo aberto, onde indivíduos de culturas e idades diferentes acessam as mais variadas páginas. Em um site de webjornalismo espera-se encontrar conteúdos legítimos que tenham seriedade e que atentem a sociedade.


O problema encontrado é que a denúncia, se nos fixarmos apenas no título, possui um tom de comércio, onde o sexo tem valor mercadológico, custa R$15,00!
O título é apelativo, para crianças, adolescentes e pedófilos, por exemplo, pode causar um efeito contrário a proposta do jornalismo. Ao invés de alertar, talvez seja uma ferramenta para a continuidade da prostituição infantil.

As menores socialmente carentes que lerem a notícia, podem querer praticar a exploração do corpo em troca de dinheiro e de drogas.


Os menores também podem se interessar. A prostituição infantil é colocada como uma prática barata, R$15 seria o suficiente. Sem falar nos pedófilos que por meio da notícia ficam a par das condições para abusar das meninas.

As fotos, apesar de não mostrarem os rostos (o que é ético), mostram pessoas ao redor da natureza, tranqüilas, bebendo e se divertindo. Não trazem o verdadeiro “tom” da exploração sexual, os malefícios desta prática. Ao invés de mostrar tal diversão, por que não trazer imagens do sofrimento dos familiares, das condições da comunidade? As sugestões de imagens certamente dariam mais seriedade à matéria.

O texto é “redondo”, de leitura agradável, mas falta serviço, falta um jornalismo público que se preocupe com a questão social daquela comunidade, dos envolvidos com a prostituição infantil e com o uso de drogas comum entre as meninas da Fercal. A jornalista narra os fatos, descreve a postura das meninas na escola, os cabelos molhados, as roupas, o tipo de música que toca no bar. Não que essas informações não tenham valor, porém existem outras que poderiam ter entrado na matéria como: demonstrar a rotina das jovens, o que os pais fazem, as condições sociais, que tipo de atividades a escola poderia oferecer para envolver e alertar as meninas, as punições que os homens que exploram sexualmente as meninas estão sujeitos, como denunciar esse tipo de atitude, opiniões de psicólogo e assistente social, por exemplo.